segunda-feira, 29 de abril de 2019

ULTRA CARNEM, CESAR BRAVO


Ao pé da letra do latim "mais carne", se for pro termo inglês "ultra flash" vira algo como "carne fresca"... Não sei se o termo foi usado por se tratar muito de assuntos materiais e porque há muito desse "gore" - da descrição detalhada da carne em si, humana ou não, mas muito humana... Ou por se tratar do cobiçado tubo com tinta especial do cigano Wladimir Lester. Fato é que são 4 histórias interligadas por esse personagem que começa como menino prodígio das artes e se torna quase o próprio demônio.

Não sei porque eu pensava que se tratava de um jantar no qual se servia carne humana e era super caro... talvez por causa do garfo da capa? O autor talvez tenha algum outro livro que seja sobre esse tema?

A primeira história conta como Wladimir Lester, um menino cigano foi parar num orfanato administrado por uma igreja e a partir daí coisas estranhas começaram a acontecer. Na segunda história conhecemos Nôa, um artista plástico que está obcecado por Lester - mesmo menino foi conhecido por ser um grande artista e pela lenda de que ele teria uma tinta especial que fazia suas obras serem tão cobiçadas. A terceira história é sobre Marcos, um técnico de informática que queria melhorar de vida e acaba pedindo demais. E na quarta história conhecemos Lucrécia, uma mulher que teve uma vida bem miserável até poder escolher ir para o inferno e "melhorar de vida". Todas as histórias estão interligadas e na quarta temos o desfecho perfeito.

Gostei muito do livro, a única coisa que achei muito "batida" foi a aparência do próprio diabo, mas também não imagino como ele poderia ser representado de forma diferente. O livro contém muita descrição de sangue e torturas... diálogos secos e sinceros... está tudo na medida certa.

A terceira história é a que mais gosto por envolver muito sangue e a questão do desejo. Você realmente saberia o que desejar caso tivesse a oportunidade? Um episódio de "arquivo-X" me veio logo à cabeça... nele, o detetive pede "paz mundial" quando um gênio lhe concede um desejo e no minuto seguinte ele está totalmente sozinho no mundo inteiro. É a paz mundia, só que não do jeito que ele imaginou... ou poderia ter sido até como ele tinha imaginado, só que não ficando sozinho num mundo abandonado com carros ocupando as ruas, prédios vazios como se todos tivesse fugido às pressas, mundo poluído...

Enfim, a quarta história foi muito bem costurada e é muito interessante pois fazemos uma visita ao inferno com tudo o que o mundo moderno implica, inclusive uma seção para informática! Essa visão de como o inferno funciona, como são executadas as punições é muuuuito legal! Eu recomendo muito o livro, só não fique impressionado demais com os xingamentos, o sangue, torturas, etc...

sexta-feira, 26 de abril de 2019

PRIMAL - ROBIN BAKER

"Sem roupas. Sem abrigo. Sem esperança de resgate. Apenas o brutal instinto de sobrevivência."

Nove alunos saem para uma expedição liderada por Raul López-Turner que é um professor/explorador bem sucedido/especialista em macacos, porém após as quatro semanas previstas, os alunos não retornam. 

Quem conta a história é um professor amigo de Raul, os alunos já haviam sido declarados mortos quando dois deles foram encontrados à deriva e inconscientes. A partir daí o que se segue é a história de como esse amigo de Raul, Robin, foi juntando as informações até chegar na verdade ou nos fatos que ocorreram na ilha. 

Um grupo é resgatado depois que Danny, um dos sobreviventes leva equipes de resgate para a ilha que não fora encontrada na época das buscas pois era totalmente oposta à que eles tinham ido - o mapa que continha informações sobre o paradeiro dos pesquisadores não estava legível. O grupo de sobreviventes se uniu para proteger informações sobre a ilha e procuraram Robin para que ele pudesse escrever um livro sobre o acontecido, porém somente Ysan conversaria com ele e ele teria de escrever somente o que ela dissesse.

Tudo era muito misterioso e depois de saber da morte de seu amigo (Raul), Robin queria descobrir a verdade, assim como toda a imprensa. Como eles sobreviveram tanto tempo? Como os outros morreram? (Além de Raul, dois alunos morreram também: Maisie e Dingo) Por que os sobreviventes estavam nus quando foram encontrados? Mulheres voltaram grávidas, casais se formaram? 

O que posso dizer sobre tudo isso é que o livro é muito bom. A narração é em primeira pessoa, o que facilita bastante a leitura além de ter esse ar misterioso, do que pode ter acontecido e a forma como o autor vai descobrindo aos poucos e nos guiando por depoimentos e DESENHOS. Clarabel, uma das sobreviventes desenha muito bem e foi registrando o que acontecia na ilha, aos poucos os desenhos chegaram nas mãos de Robin para que ele os analisasse e encontrasse algumas repostas.

Para quem gosta de referências... ele é misterioso como "O quarto dia" da Sarah Lotz com relação ao paradeiro das pessoas, porém... no livro de Baker nós conseguimos ter mais informações sobre o que aconteceu e sobre onde todos ficaram no tempo do desaparecimento. Sabendo disso temos uma comparação inevitável com "Senhor das Moscas" de Golding, pessoas (no primeiro caso crianças e adolescentes e no segundo jovens) numa ilha isolada sozinhas sem seu "chefe", em ambos os casos o professor que liderava a expedição foi morto. Contextos diferentes, mas os dois mostram a "essência" humana.

Claro que há opinião de todos os tipos, mas a minha opinião também é a de que nós, humanos, sem direção, sem orientação nos tornamos irracionais, sobrevivendo somente pelo instinto a moral muda também. Tudo é questão de sobrevivência, do mais forte vencer. Nesse caso específico ainda, estamos falando de selva, de caçar sua comida, de ser útil ao grupo, de inclusive saciar seus desejos. Sim, sexo.

Li algumas resenhas falando que "a ideia do livro é boa, mas tem muito sexo" (resumindo muito o que li). Sim, tem muito sexo e se você tem problema em ler sobre estupro, sexo grupal consensual ou não, aborto voluntário ou não e até homossexualismo, não leia ou leia... você é quem escolhe.

Me lembrou muito um filme que assisti há muito tempo mas não vou lembrar o nome (se lembrar coloco aqui) em que 3 pessoas ficam num bunker após um tipo de bomba destruir a atmosfera do planeta. Elas não sabem quanto tempo terão de morar lá. São apenas 3 pessoas, não são cientistas, nem médicos nem pesquisadores, somente 3 pessoas "comuns". Um casal e um homem violento, todos viciados em drogas. Eles têm um bom estoque de comida que é racionado pelo violento e drogas também. Em algum momento do filme, o homem oferece sua namorada como pagamento para drogas e comida ao homem violento. Ele aceita, a mulher acaba sendo assassinada (após ser estuprada pelos dois), os homens quase incendeiam o bunker morrendo queimados vivos... caos total.

Primal é bruto, nos leva à observação de nós mesmos, de como é inegável nosso instinto de sobrevivência e de como podemos ficar irreconhecíveis em estados de pressão ou de isolamento. A que ponto podemos chegar? Será que revelamos nosso verdadeiro eu quando nosso instinto de sobrevivência é instigado até o último limite?

Recomendo para estômagos fortes.

No youtube: https://youtu.be/6ZAx2cgJhXk

Título: Primal
Autor: Robin Baker
Editora: record
Ano: 2012
Edição: 1

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