domingo, 27 de outubro de 2019

RAÇA DA NOITE, CLIVE BARKER

Boone, Decker e Lori são os personagens principais desse livro maravilhoso de Clive Barker!

O narrador é onisciente e logo de cara já nos apresenta Boone numa das consultas com seu psiquiatra Decker no momento em que médico apresenta ao paciente algumas provas (fotos) do que talvez poderia ter cometido:11 assassinatos. É o começo da apresentação GORE do livro (estilo que têm a presença de violência, sangue, tripas, tudo muito explícito). Através da descrição das fotos vamos nos envolvendo com a história e ficando curiosos se Boone vai se lembrar ou não do que fez ou o que fará a seguir.

O livro é dividido em 5 partes, porém não sentimos as "divisões" na narrativa, tudo flui naturalmente. O começo é bem rápido e percebemos que os assassinatos são secundários, que são só um meio de se chegar ao que o autor realmente quer nos mostrar: Midian e a Raça da noite. Do autor eu só li Hellraiser que também tem esse tipo de "mundo paralelo". No primeiro livro um mundo paralelo e em Raça da Noite esse "povo paralelo", marginal, quase sobrenatural ou anti-natural.

Midian é um lugar em que Boone ouve muito falar no hospital psiquiátrico em que está internado. Seria um lugar onde ele seria bem acolhido por ser considerado um "monstro", no início parece algum tipo de cidade em que pessoas de comportamento "inadequado" conseguem se refugiar, como se todos os seus pecados fossem perdoados, um lugar em que mesmo que tenha matado mais de 10 pessoas você não seja julgado, ninguém vai fazer com que se sinta culpado... E a culpa que Boone carrega tem muito peso até o finalzinho do livro, chega a irritar um pouco a falta de vontade dele, mas vamos lembrar que ele é diagnosticado com depressão (apesar de seu médico não ser lá muito confiável).

Porém ao chegar em Midian, Boone se depara com monstros no sentido literal. E aí somos apresentados à Raça da Noite, criaturas que não são nem angelicais nem demoníacas, uma raça que se esconde de pessoas "normais". É uma comunidade inteira, inclusive com suas crenças e profecias.

O livro é cheio de intriga e ação e tem brecha para uma continuação. Tem um filme de 1990 que dizem ser um tipo de complemento do livro

terça-feira, 22 de outubro de 2019

O OLHO MAIS AZUL - TONI MORRISON


Sobre tudo o que falei no vídeo, parece bobo eu falar que é um "absurdo" uma criança querer mudar uma característica física. Sei que crianças/adolescentes/adultos querem ficar mais magros ou gordos, cabelo liso ou encaracolado, aumentar ou diminuir peitos, etc... Mas pensar que uma criança pense numa característica impossível de mudar... mesmo se ela soubesse da existência das lentes de contato coloridas, ela queria SER, não era só uma característica física, mas tudo o que envolveria ter olhos azuis.

O olho azul a tornaria bonita, a tornaria um objeto de desejo, a tornaria "alguém"... Como disse no vídeo... por que uma responsabilidade dessa tem que cair em cima de uma criança??? Por que uma criança tem que pensar nisso? Criança tem que brincar, ver outras crianças, trocar experiências com pessoas da mesma idade, aprender com os mais velhos - admirar os mais velhos... se espelhar em quem admira... claro que se você vê alguém parecido com você fisicamente fazendo algo que é admirável, você se vê representado muito mais facilmente...

Outro ponto também que esqueci de incluir no vídeo foi que não só "artistas" podem influenciar/virar exemplo para as crianças, mas os familiares também! É que demora bastante pra gente entender que nossa mãe/pai/tio/madrasta/padrasto/avô/avó tem uma lição de vida para nos ensinar...

Esse livro é muito complexo pra conseguir explicar num vídeo ou escrevendo um post uma vez só... Esse livro gera discussão, reflexão... por isso ele é tão bom! Por isso é difícil falar dele... Por isso sempre tem mais alguma coisa a acrescentar...

terça-feira, 20 de agosto de 2019

A guerra dos mundos, H. G. Wells

Um relato em primeira pessoa nos é contado por um sobrevivente da invasão marciana aqui na Terra. Suas descrições são muito precisas a ponto de impressionar pela data em que foi escrita a obra (1897). Pra você que acha que não sabe nada sobre o livro, este é aquele que foi adaptado para o rádio por Orson Welles em 1938 e causou transtornos ao fazer com que a população local realmente pensasse se tratar de uma invasão alienígena! (A CBS calculou, na época, que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade o sintonizou quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do radioteatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um fato real. Dessas, meio milhão teve certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando linhas telefônicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo.)*

No começo do livro ele explica a situação de marte: "O resfriamento secular que haverá de tomar nosso planeta um dia já chegou a uma fase muito avançada, de fato, em nosso vizinho." E comenta sobre como nos imaginávamos seres "supremos" do universo. 

O inglês conta de forma até filosófica como foi a invasão, detalhando a chegada e observações que fez durante os piores dias de sua vida. Clarões foram vistos no céu e a cada 24 horas. Depois de certo período, cilindros de metal caíram sobre a Terra revelando seres que tinham armas que não davam chance de defesa para os humanos. 

A descrição dos alienígenas é bem detalhada e algumas partes de "encontro" são bem tensas. O autor soube muito bem combinar o suspense com o mistério dos invasores e sua descrição tem muito crédito haja visto que ele afirma ter pesquisado sobre o assunto até a última página... Ele também filosofa muito sobre a extinção dos humanos não só pelo personagem que nos conta a história mas pelos outros que ele acaba encontrando... E o reencontro de um deles depois de vários dias escondido é surpreendente.. Faz com que pensemos muito e acho que até daria outro livro!!!

Não há uma busca dramática do personagem pela esposa como no filme, a luta pela sobrevivência é maior do que o sentimentalismo... Quando há "respiro" ele lamenta a falta da esposa, mas são poucos momentos...

Os trechos que mais gostei são os que descrevem as atitudes dos alienígenas, não só a parte de destruição, mas a forma com que constroem suas máquinas, mostrando um avanço tecnológico não esperado.

Até a última parte não sabemos se os humanos criaram uma comunidade sobrevivente e resistente à presença marciana ou se de alguma forma os venceram e esses suspense só aumenta a vontade de continuar lendo...

Um ótimo livro de ficção científica... uma invasão marciana clássica com um final bem inesperado mas bem possível...

*fonte: https://www.dw.com/pt-br/1938-p%C3%A2nico-ap%C3%B3s-transmiss%C3%A3o-de-guerra-dos-mundos/a-956037

O CASAL QUE MORA AO LADO, Shari Lapena

Anne e Marco Conti têm uma filha de 6 meses e vão jantar na casa dos vizinhos: Cynthia e Graham, porém Cynthia pede para que Anne não leve sua filha. Seu marido Marco afirma que podem deixar a bebê em casa sozinha já que vão jantar nos vizinhos "de parede" e combinam de ficar com a babá eletrônica e de a cada 30 minutos voltar para casa para dar uma olhada nela. Tudo corre bem até a hora que retornam e a porta da frente está aberta e o berço vazio.

Há muita intriga na trama: Anne tem depressão pós-parto e já sofria depressão antes da gravidez, Cynthia foi amiga de Anne antes dela engravidar e mudou muito após o nascimento da criança, Marco tem uma empresa à beira da falência e os pais de Anne têm muito dinheiro e provavelmente muitos inimigos... 

O narrador é onisciente/onipresente, sabe tudo o que acontece e os pensamentos dos personagens. Achei corajoso da parte da autora escrever um thriller dessa forma pois fica difícil "criar um mistério" mas também deixa o livro com muitos elementos, talvez por isso eu tenha lido tantas críticas dizendo que o livro dá muitas "pistas" para o leitor e que acabou "enchendo linguiça". Mas não me desagradou tanto ter esses vários elementos.

Há uma virada interessante no meio do livro, mas nada muito surpreendente também, mas mesmo assim o deixa mais interessante. Se não houvesse essa história secundária talvez o livro fosse bem, mas bem chato mesmo...

Gostei da "sinceridade" da relação entre Anne e Cynthia com relação ao nascimento da filha. Claramente as vizinhas que eram tão amigas "perdem as afinidades" pois a prioridade de Anne agora é a maternidade e para Cynthia o oposto. Não que a maternidade tire a independência da mulher, mas é claro que mexe muito com o cotidiano em sociedade, digo isso por experiência própria.

No livro só torcemos para que a criança seja encontrada, pois é difícil se apegar a algum personagem, nenhum deles é confiável e nenhum deles tem carisma... O detetive que cuida do caso é um personagem interessante mas aparece pouco na trama, o foco fica nos parentes da bebê.

Achei interessante o sumiço da bebê e até as declarações para a imprensa. É legal também como a vida de cada um é contada para que se torne um suspeito. O que me incomoda é o título do livro com relação à história. Parece que a desconfiança deveria cair toda sobre o casal que mora ao lado... ou os vizinhos ou os próprios pais da criança, pra mim não se encaixa de forma significativa o livro, é a pior pista de todas na minha opinião.

Quanto ao final, não achei que foi "sem noção", achei que é condizente com a história da Anne, até gostei pra dar um pouco de ação pra tudo. E só enfatiza que não devemos nos apegar a nenhum personagem adulto... não é uma história irreal, aliás, ela é bem realista.

domingo, 11 de agosto de 2019

MANICÔMIO, PETER MCGRATH (com spoilers)


Peter é um psiquiatra que nos conta a "história mais triste que conheço"... É a história de Estela, esposa de outro médico e que acabou se apaixonando por um interno.

Estamos na Inglaterra, final dos anos 50, o psiquiatra Max Raphael foi trabalhar num hospital psiquiátrico no interior da Inglaterra e precisou se mudar com a esposa Estela e o filho Charlie para uma casa que fica ao lado do hospital.

Uma das medidas que Max toma no início de sua gestão é fazer os internos trabalharem no jardim da sua nova casa. Porém isso causa proximidade entre Edgar - um dos internos mais manipuladores do hospital e Estela. Ela é uma mulher muito bonita, se casou jovem com Max meio que por necessidade... E parece que esse casamento prematuro fez com que ela "parasse no tempo". Ela é imatura emocionalmente.

Estela se sente muito atraída fisicamente por Edgar e se entrega totalmente à paixão a ponto de quebrar várias regras do hospital para satisfazer seu amante a ponto dele conseguir não só fugir, mas fazê-la morar com ele.

Por um tempo a relação fora do hospital foi boa, eles bebiam, discutiam arte, saíam a noite, Estela conheceu vários outros artistas que faziam com que ela se sentisse "importante"... porém foi logo se desgastando a ponto de dela voltar para o marido... 

Eu, particularmente, no meu momento "mãe", fiquei com raiva dela por ser tão egoísta e abandonar o filho de tantas formas, raiva do próprio Peter porque ele se apaixona por ela e não enxerga o que está por vir, do marido por não ser presente com a família, do Edgar pela sua loucura! E do amigo dele (que aparece quando estão morando fora) por não se posicionar, não sabemos o que ele quer dessa relação. Será que ele é apaixonado pelo Edgar ou pela Estela ou pela relação doentia dos dois?

O desenvolvimento da relação amorosa deles dentro do hospital é interessante, na parte externa é meio maçante porque é meio clichê e "sujo"... mas o desfecho trágico completa perfeitamente a trama... 

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Contos japoneses e chineses sobrenaturais

Os contos chineses e japoneses de terror ou sobrenaturais são simples. São como narrativas orais, palavras simples e histórias curtas. São história que nos dão aquele "medinho", típico de quando ouvimos alguma história urbana.

Pra ilustrar o "clima" conto uma "lenda urbana" curtinha e que pra mim dá a mesma sensação de quando leio algum conto de terror oriental: Um casal está de carro numa noite chuvosa percorrendo uma estrada deserta até que avistam uma mulher com as roupas rasgadas pedindo socorro, ela só diz que o filho está no carro, mas eles não enxergam o carro, ela aponta e mostra um carro capotado na parte de baixo do barranco ao lado da rodovia, o casal corre em direção ao carro pois ouvem um choro de criança. Quando finalmente conseguem tirar o cinto do bebê e tirar do carro, percebem que a mesma moça que pediu ajuda na estrada está morta no banco do motorista com o cinto de segurança ainda atado.

É mais ou menos assim que são as hitórias desses dois livros que li. Claro que são situações em vilarejos, mosteiros... nos contos chineses são na sua maioria contos com viajantes que acabam econtrando figuras extraordinárias em seu caminho ou em lugares que vão passar a noite. Os japoneses têm mais relatos de maldições em vilarejos ou sentimentos de espíritos que já morreram... Mas os dois são muito bons! Recomendo a leitura pra alguém que queira conhecer rapidamente um pouco da cultura dos países... O medo também faz parte da cultura do povo...

Não tem como contar alguma história sem dar spoiler, mas há um conto em que a mulher fica "assombrando" a casa até que um monge consegue acalmar o espírito queimando uma carta que havia no tipo de criado mudo do quarto dela, eu imaginava que no final nós nem saberíamos do que se tratara a carta, apesar de que só sabemos que se tratava de uma carta de amor, porém ela foi queimada e só o monge soube seu conteúdo.

Nas histórias orientais é difícil haver um "final feliz" ou um "final fechado"... Algo que não costuma agradar muita gente...

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domingo, 4 de agosto de 2019

A FILHA DO REI DO PÂNTANO, Karen Dionne


A história é contada por uma mulher que foi fruto de um sequestro que durou anos... Sua mãe foi raptada na adolescência e dois anos depois ela nasceu, porém, ela não sabe disso até ter 13 anos de idade. 

Helena já é adulta, casada, com duas filhas quando conta que seu pai será solto e por isso ela precisa tomar alguma aitutde. A partir daí ela conta como foi sua infância e adolescência dentro de uma reserva florestal em que só vivia com pai e mãe. Até os 13 anos de idade ela não tinha tido nenhum contato com mais ninguém.

Percebemos as lembranças boas da infância de viver "ao ar livre", eles viviam numa barraca no meio de uma reserva florestal que não tinha água encanada nem energia elétrica. Eles cultivavam alguns vegetais, caçavam e pescavam, ela gostava dessa vida ainda mais porque admirava a independência do pai nesse meio. Ele era descendente de índios e tinha muita habilidade com a faca, o que foi ensinando gradualmente para a filha que, do seu jeito, gostava também.

Agressões físicas eram comuns na casa, tanto com a mãe como com a filha. Helena considerava a mãe uma "fraca", pois estava sempre triste e muito quieta. Não gostava quando o pai a batia mas também não era muito de defender a mãe.

Algo acontece nessa casa quando ela tem 13 anos que faz com que ela acabe descobrindo que a mãe foi raptada e finalmente o pai mostra a verdadeira face. Isso faz com que Helena queira ajudar a mãe. Não sem antes ficar bem confusa com relação à mãe querer abandonar o lar e o pai. Vamos lembrar que ela tem 13 anos, está na idade de muitos questionamentos. 

O pai finalmente é preso, mas ainda percebemos a ligação forte entre eles. É difícil pra ela lidar com esse sentimento conflitante, mas enquanto o pai está preso ela o tenta esquecer e esquece. Ela fala rapidamente como foi a volta delas para a civilização e da adaptação difícil... mas não é o foco do livro.

O que choca foi o "como". Ela se snete culpada pela prisão do pai e por mais alguma coisa e a autora soube bem como fazer suspense e como fazer a gente entender os conflitos na cabeça da personagem. É um livro que prende muito o leitor, tem suspense, drama... o livro é muito bom!!!

sábado, 3 de agosto de 2019

O peso do pássaro morto, Aline Bei

Terminei de ler agora e eu precisava compartilhar... não conseguiria esperar para gravar vídeo!!!

Dos 8 aos 52 anos acompanhamos a vida de uma mulher. E não é simples, ou é simples de maneira complexa. É muita perda na vida dela.

A forma como o livro foi escrito se mistura entre prosa, poesia, diário, poesia concreta... só isso já me encantou muito e aí juntamos a história dessa mulher... A mistura da forma com o conteúdo é muito perfeita, tem sua beleza poética mas é prosa... não consigo explicar.

Também não consigo falar desse livro sem dar alguns "spoilers", mas acredito que não faça diferença pois mesmo sabendo o conteúdo do livro, não tem como eu descrever a poesia que existe nele, não tem como eu reproduzir a forma só com descrições, você vai precisar ler.

Aos 8 a melhor amiga da personagem morre, aos 17 ela é estuprada e os pais meio que a expulsam de casa porque engravidou. Não, ela não contou que foi estuprada. Eu não sei se ela é medrosa demais ou se ela é inocente e infantil demais... Tudo é melancólico na vida dela. Talvez pela morte precoce da amiga.

Apesar dos anos que passam, conseguimos enxergar a menina a todo momento. Talvez por causa da escrita. A personagem não tem nome e isso também nos afasta dela, ela não consegue criar intimidade com ninguém, nem com o próprio filho... 

Tudo me "pegou" pessoalmente: A morte de uma criança, o distanciamento entre mãe e filho, o apego a um animal de estimação que sabemos que vai morrer antes de nós... E o nome do cão, Vento, faz todo o sentido...

Apesar dos assuntos complexos e às vezes não agradáveis, a vontade de ler é maior. O final é perfeito. Se encaixa com a personagem, com a forma como ela lidou a vida. 

Pela internet há várias entrevistas com a autora, nem dá pra imaginar que esse seja seu livro de estreia. Apesar de produzir muitos textos e contos, esse é o primeiro romance... E o melhor livro do ano (lido até agora por mim...).

terça-feira, 23 de julho de 2019

O coração é um caçador solitário, Carson Mccullers


John Singer - homem surdo (ironia no sobrenome?)
Mick Kelly - adolescente menina masculinizada
Jake Blount - marxista agitador alcoólatra
Biff Brannon - dono do bar onde todos "se reunem"
Dr. Benedict Copeland - médico negro idealista frustrado

"exemplo de obra de realismo social e psicológico retratando o sul dos Estados Unidos  nos fim dos anos 1930."

Conhecemos primeiro dois mudos numa cidade, John Singer e Spiros Antonapoulos, os dois moram juntos e são os únicos mudos ali. Em determinado momento, Antonapoulos tem de ser internado numa instituição psiquiátrica e John Singer acaba se mudando de cidade, mas visita o amigo quando pode. Singer é atencioso com o amigo, porém o outro parece não se importar. 

John Singer acaba indo morar na casa dos Kelly, uma família que aluga quartos em sua casa... A filha mais velha dos Kelly, Mick fica curiosa em ter uma pessoa muda em casa. Ela tenta ficar perto do inquilino o tempo todo. Todos os dias, Singer faz suas refeições no mesmo lugar, no bar de Biff Brannon que observa cuidadosamente a todos. Nesse mesmo bar/restaurante, há um frequentador chamado Jake Blount, que vive fazendo discursos e falando sobre como as pessoas precisam "saber". Ele nunca chega ao ponto, ele quer "abrir os olhos" dos outros mas não consegue se fazer ouvir, parece o louco da cidade. Na casa dos Kelly há a empregada Portia, cujo pai é Dr. Benedict Copeland, um médico negro que também quer "abrir os ohos da população", porém ele só pensa nos negros. Como se ele tivesse um preconceito contra brancos. O que Mick, Jake, Biff e Benedict têm em comum é que todos conversam muito com Singer.

É interessante que todos os personagens querem ser ouvidos. Estamos no fim dos anos 30, numa época não muito boa economicamente nos EUA e em cidades onde há muito preconceito contra negros também. Há vários episódios vividos pela família Copeland que retrata muito bem o que acontecia na época e é assustador. Singer acaba se tornando o "ouvinte" oficial da cidade. Ele recebe esses personagens em casa em seu quarto e os ouve. Todas as lamentações, dúvidas, sonhos... tudo é ouvido por ele... as pessoas têm necessidade de conversar com o mudo. Porém, a única pessoa que Singer se sente a vontade para conversar realmente, é seu amigo Antonapoulos, porém o amigo não dá a mínima.

Mick é fascinada por música, sonha em adquirir um piano para tocar, ela inventa músicas na cabeça, a forma de fugir da vida pobre que leva é inventando músicas, tentando construir instrumentos. Algo grave acontece com seu irmão Bubber, mas não temos muita proximidade com essse personagem para saber o que se passa em sua cabeça depois do ocorrido... Biff adora observar Jake, Singer e Mick que sempre estão em seu estabelecimento. Benedict está sempre se isolando, ele tem uma relação complicada com a filha Portia, ele queria que ela tivesse uma posição melhor, não que fosse uma "simples empregada"... Todos levam seu problema para Singer e em certo ponto, Singer fica conhecido por toda a cidade. Ele começa a andar sem destino e acaba conhecendo muitas pessoas.

Quando eu li, fiquei pensando mais na Mick, porém sabemos que o principal é o John Singer. Acredito que cada um se identifique com um dos personagens e talvez por isso este seja um livro tão marcante a ponto de ser indicado na TAG, por exemplo. Mas para mim o ritmo foi muito lento, mas lendo depois a revista da TAG até que gostei da estrutura do livro... MAS... será que um livro bom precisa ser explicado? Eu não gostei do ritmo, mas gostei da história, talvez porque eu goste da SOLIDÃO. Gosto do tema, acho que pode ser explorado de muitas formas.

O título faz referência a um poema do escritor escocês William Sharp (que utilizava na época no pseudônimo de Fiona Macleod) e um dos editores do livro que o sugeriu, pois o poema fala sobre a sensação de isolamento e a estrutura é semelhante à uma letra de música, duas coisas que estão ligadas à personagem Mick Kelly. O título original era "The mute" (O mudo) em referência ao personagem John Singer.

A autora chegou a mandar em seu argumento para a editora que se inspirou no formato de fuga (música) para escrever seu livro, principalmente na relação entre os 5 personagens. Nesse movimento da música, uma voz vai sendo seguida pela outra até que as vozes se juntam e a música segue.

No filme, há menos personagens e apesar de Singer ser também a figura principal, ele não une os outros personagens como no livro. Biff Branon praticamente não aparece no filme, a casa dos Kelly só tem um quarto para alugar, não há nenhuma tragéida envolvendo Bubber... O livro sempre será mais detalhado, porém o filme simplificou tudo demais... Acho que é até por isso que o Biff apareça tão pouco, porque não daria tempo. O filme tem pouco mais de duas horas e não conseguiu explicar metade das relações que há no livro. 

São vários personagens solitários tentando se encontrar. O final é surpreendente e faz com que imaginemos que realmente não sabemos o que se passava na cabeça de Singer. Talvez na verdade dê pra perceber, mas eu não entendo por que... Por que alguém faria uma coisa dessas???

Não é um livro que todos gostariam de ler, caso você tenha a versão da TAG, recomendo que leiam primeiro a revistinha pois nela há explicações para a leitura, pelo menos eu dei mais crédito para o livro por causa da revista... mesmo assim foi uma leitura difícil para mim. Leiam e me contem!!!

SOBRE O VEGETARIANISMO DO DR. COPELAND

Ainda não cheguei a nenhuma conclusão do porque o médico é vegetariano. Fui pesquisar sobre vegetarianismo e encontrei alguns dados que talvez possa nos guiar sobre o motivo pelo qual a autora quis nos apresentar esse detalhe...

Na Índia, a questão dessa dieta alimentar está relacionada à pureza; no Egito (3200 AC) por questões religiosas, acreditava-se que facilitava a reencarnação; na antiguidade clássica (mundo greco-romano) acreditava-se na transmigração das almas - a alma poderia ir para qualquer ser vivo, então se você comesse carne, seria como praticar o canibalismo - posteriormente veio a ideia de não fazer mal para outros animais; na idade média, padres acreditavam que evitar carne ajudava a se proteger das tentações; após a idade média foram surgindo mais teorias de não maltratar animais, a forma como estamos mais acostumados a ouvir nos dias de hoje...  entre uma variação ou outra, como por exemplo achar que a ingestão de carne vermelha nos deixava mais ferozes..

"Em 1843, Amos Bronson Alcott, um vegetariano rigoroso, pacifista e abolicionista, fundou uma comunidade vegana em Massachusetts. Muitos daqueles que lutaram pelo fim da escravidão foram defensores do vegetarianismo." Inclusive foi um dos fundadores da Sociedade Vegetariana Americana em 1850. 

Amos Bronson Alcott fundou uma escola que integrava educação e religião. O interessante é que ele incentivava a discussão entre os alunos e fazia com que eles se sentissem bem em se expressar. Ele lia uma passagem da bíblia por exemplo e depois perguntavam o que os alunos tinham achado e de acordo com o que eles respondiam ele guiava a discussão, ele não direcionava nada... não na maioria dos casos. Eu não concordo muito em escolas terem esse nível de proximidade com religião, mas concordo com esse tipo de incentivo que ele fazia. Ele guiava os alunos de forma que eles mesmos pensassem sem serem direcionados ao que o professor achava correto ou não. Isso dá importância ao que as crianças imaginam e tira esse medo de tentar falar tudo sempre "certo para os adultos"... Com isso eu concordo, com fazer as crianças pensarem.

Talvez dessa figura histórica tenha vindo a ideia de Carson de fazer Copeland se dizer vegetariano. Pois ele é um negro que queria ensinar os outros a "se defender", a PENSAREM... Posso ter ido fundo demais, mas é uma possibilidade não é mesmo? O que acaham?


(fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_vegetarianismo)
(fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Amos_Bronson_Alcott)

domingo, 19 de maio de 2019

A retornada - Donatela Di Pietrantonio


Conhecemos a história de uma garota que aos 13 anos de idade foi devolvida para sua família biológica, mas ela não sabia que não estava lá. Quem nos conta é a própria, não sabemos seu nome, só sabemos que ela já é mais velha agora e conta como foi essa fase de sua vida, o que dá certo alívio por saber que ela está "bem" agora.

Na casa que viveu até seus 13 anos ela era como uma filha única, depois se tornou parte de uma família com uns 3 ou 4 irmãos (não lembro direito)... Ela não entende o motivo dessa mudança, sua mãe adotiva parece doente, ela não sabe se é por isso que acabou voltando pra sua família biológica que nem sabia que existia, ela não sabe como isso foi acontecer, não entende porque seu pai adotivo a trata com tanta frieza em levá-la pra casa e deixá-la sem se despedir da mãe...

Assim que ela chega a recepção é bem diferente do que imaginaríamos de uma mãe que ficou 13 anos separada da filha. Mas percebemos que é uma família bem peculiar, a mãe parece não querer se aproximar muito dos filhos, o pai é monossilábico,... somente a irmã Adriana se aproxima e surge uma verdadeira amizade.

Ela é inteligente, o que lhe confere outra mudança para uma casa que fica mais perto de uma escola melhor para estudar e sua mãe adotiva aparece com doações para que ela se acomode e tenha um estudo bom, porém ela nunca promove um encontro.

É muito difícil imaginar uma menina de 13 anos enfrentando tudo isso... a confusão na cabeça... O legal é que ela mantem uma amizade de sua "antiga vida", a mãe dessa amiga se sensibiliza com a história e também dá o maior apoio... elas ainda conversam e rolam algumas visitas.

Há uma visita porém que é muito emblemática no livro, que é quando a garota percebe como será a vida dela depois daquilo. E tudo tem um tom bem nostálgico... não sei dizer direito, sei que esse livro apesar de parecer meio parado é muito sensível...

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terça-feira, 7 de maio de 2019

SOUTHERN MOST - SILAS HOUSE


Southern Most é um livro que parece começar no meio de um furacão. Na verdade é no meio de uma tempestade, mas achei que "furacão" seria a melhor palavra para descrever para o que eu senti. 

Estamos às margens do rio Cumberland no meio de uma tempestade onde Asher, pastor da cidade, está procurando pelo seu filho Justin que foi atrás do cão Roscoe. O menino saiu correndo no meio dos ventos fortes e chuva pesada para procurar o animalzinho de estimação. Asher ouve troncos se quebrando pela turbulência da água, vacas e pequenos animais sendo levados pela correnteza e até UMA CASA sendo levada pelo rio.

A maneira como Silas House descreve essa tempestade é inacreditável, parece que estamos lá, sentindo aqueles sons todos misturados, o vento trazendo as gotas de chuva, a falta de visibilidade, o sofrimento dos animais que estão no meio da correnteza... é um início que me deixou sem fôlego!

Por algum motivo que não sei explicar, imaginei que o livro seria sobre um pastor que abriga um casal de homossexuais e que a cidade se vira contra ele, mas no caso... o pastor só convida o casal para se abrigar em sua casa depois da tempestade, mas nem chega a fazê-lo! Assim que o convite é feito, sua esposa diz imediatamente "não". É estranho imaginar como isso pode acontecer na casa de um pastor, que em teoria ajuda a comunidade... mas estamos lidando com o preconceito aqui.

Pensei que a história se passaria na cidadezinha onde todos os preconceitos seriam descritos e a briga entre pastor e comunidade chegariam às ultimas consequências, porém isso passa rapidamente e o que acompanhamos é uma viagem fascinante tanto física quanto psicológica de Asher e seu filho em busca de uma reflexão para a vida.

Asher é um pastor, casado com uma filha de pastor que no passado acabou perdendo contato ou não indo atrás de seu irmão que se assumiu homossexual. Ele tem saudade do irmão e sente que precisa reencontrá-lo para entender essa questão que apareceu em sua vida. Ele vai com o filho para Key West - onde há o Southern Most, o ponto mais sul continental dos EUA para tentar pedir perdão e se reencontrar também, ele está muito confuso com tudo isso. Como pessoas que se dizem tão boas - a comunidade toda que e é pastor - podem pedir para que ele expulse alguns só por sua opção sexual? Como ele pôde por tantos anos ter esse preconceito também? Achar que eles estão errados?

É uma aventura em tanto, o livro nos deixa sem fôlego... começa com a tempestade, depois uma briga entre congregação e pastor, o preconceito, a busca de Asher com o filho viajando pelas estradas de carro para chegar até Key West, lá conhecendo mais personagens com histórias complicadas do passado também... Ufa! É muita emoção!

É um livro que traz a tona a discussão sobre o tema GLS porém de uma forma introdutória eu diria, pois ele aborda justamente essa dúvida de aceitar ou não, de ir contra tudo o que você pensava por anos, ter uma vida dedicada a pregar uma coisa e de repente ver que estava errado, em enxergar outras opiniões... o casal homossexual vira um ponto de virada nessa história, a dúvida e a reflexão de Asher se tornam principais aqui... e a forma como o autor nos conta tudo isso é muito emocionante.

Recomendadíssimo... se quer abordar o tema de forma "leve" ou fazer alguém refletir sobre seu preconceito... talvez esse livro seja mais que recomendado... sei lá... leia...

segunda-feira, 29 de abril de 2019

ULTRA CARNEM, CESAR BRAVO


Ao pé da letra do latim "mais carne", se for pro termo inglês "ultra flash" vira algo como "carne fresca"... Não sei se o termo foi usado por se tratar muito de assuntos materiais e porque há muito desse "gore" - da descrição detalhada da carne em si, humana ou não, mas muito humana... Ou por se tratar do cobiçado tubo com tinta especial do cigano Wladimir Lester. Fato é que são 4 histórias interligadas por esse personagem que começa como menino prodígio das artes e se torna quase o próprio demônio.

Não sei porque eu pensava que se tratava de um jantar no qual se servia carne humana e era super caro... talvez por causa do garfo da capa? O autor talvez tenha algum outro livro que seja sobre esse tema?

A primeira história conta como Wladimir Lester, um menino cigano foi parar num orfanato administrado por uma igreja e a partir daí coisas estranhas começaram a acontecer. Na segunda história conhecemos Nôa, um artista plástico que está obcecado por Lester - mesmo menino foi conhecido por ser um grande artista e pela lenda de que ele teria uma tinta especial que fazia suas obras serem tão cobiçadas. A terceira história é sobre Marcos, um técnico de informática que queria melhorar de vida e acaba pedindo demais. E na quarta história conhecemos Lucrécia, uma mulher que teve uma vida bem miserável até poder escolher ir para o inferno e "melhorar de vida". Todas as histórias estão interligadas e na quarta temos o desfecho perfeito.

Gostei muito do livro, a única coisa que achei muito "batida" foi a aparência do próprio diabo, mas também não imagino como ele poderia ser representado de forma diferente. O livro contém muita descrição de sangue e torturas... diálogos secos e sinceros... está tudo na medida certa.

A terceira história é a que mais gosto por envolver muito sangue e a questão do desejo. Você realmente saberia o que desejar caso tivesse a oportunidade? Um episódio de "arquivo-X" me veio logo à cabeça... nele, o detetive pede "paz mundial" quando um gênio lhe concede um desejo e no minuto seguinte ele está totalmente sozinho no mundo inteiro. É a paz mundia, só que não do jeito que ele imaginou... ou poderia ter sido até como ele tinha imaginado, só que não ficando sozinho num mundo abandonado com carros ocupando as ruas, prédios vazios como se todos tivesse fugido às pressas, mundo poluído...

Enfim, a quarta história foi muito bem costurada e é muito interessante pois fazemos uma visita ao inferno com tudo o que o mundo moderno implica, inclusive uma seção para informática! Essa visão de como o inferno funciona, como são executadas as punições é muuuuito legal! Eu recomendo muito o livro, só não fique impressionado demais com os xingamentos, o sangue, torturas, etc...

sexta-feira, 26 de abril de 2019

PRIMAL - ROBIN BAKER

"Sem roupas. Sem abrigo. Sem esperança de resgate. Apenas o brutal instinto de sobrevivência."

Nove alunos saem para uma expedição liderada por Raul López-Turner que é um professor/explorador bem sucedido/especialista em macacos, porém após as quatro semanas previstas, os alunos não retornam. 

Quem conta a história é um professor amigo de Raul, os alunos já haviam sido declarados mortos quando dois deles foram encontrados à deriva e inconscientes. A partir daí o que se segue é a história de como esse amigo de Raul, Robin, foi juntando as informações até chegar na verdade ou nos fatos que ocorreram na ilha. 

Um grupo é resgatado depois que Danny, um dos sobreviventes leva equipes de resgate para a ilha que não fora encontrada na época das buscas pois era totalmente oposta à que eles tinham ido - o mapa que continha informações sobre o paradeiro dos pesquisadores não estava legível. O grupo de sobreviventes se uniu para proteger informações sobre a ilha e procuraram Robin para que ele pudesse escrever um livro sobre o acontecido, porém somente Ysan conversaria com ele e ele teria de escrever somente o que ela dissesse.

Tudo era muito misterioso e depois de saber da morte de seu amigo (Raul), Robin queria descobrir a verdade, assim como toda a imprensa. Como eles sobreviveram tanto tempo? Como os outros morreram? (Além de Raul, dois alunos morreram também: Maisie e Dingo) Por que os sobreviventes estavam nus quando foram encontrados? Mulheres voltaram grávidas, casais se formaram? 

O que posso dizer sobre tudo isso é que o livro é muito bom. A narração é em primeira pessoa, o que facilita bastante a leitura além de ter esse ar misterioso, do que pode ter acontecido e a forma como o autor vai descobrindo aos poucos e nos guiando por depoimentos e DESENHOS. Clarabel, uma das sobreviventes desenha muito bem e foi registrando o que acontecia na ilha, aos poucos os desenhos chegaram nas mãos de Robin para que ele os analisasse e encontrasse algumas repostas.

Para quem gosta de referências... ele é misterioso como "O quarto dia" da Sarah Lotz com relação ao paradeiro das pessoas, porém... no livro de Baker nós conseguimos ter mais informações sobre o que aconteceu e sobre onde todos ficaram no tempo do desaparecimento. Sabendo disso temos uma comparação inevitável com "Senhor das Moscas" de Golding, pessoas (no primeiro caso crianças e adolescentes e no segundo jovens) numa ilha isolada sozinhas sem seu "chefe", em ambos os casos o professor que liderava a expedição foi morto. Contextos diferentes, mas os dois mostram a "essência" humana.

Claro que há opinião de todos os tipos, mas a minha opinião também é a de que nós, humanos, sem direção, sem orientação nos tornamos irracionais, sobrevivendo somente pelo instinto a moral muda também. Tudo é questão de sobrevivência, do mais forte vencer. Nesse caso específico ainda, estamos falando de selva, de caçar sua comida, de ser útil ao grupo, de inclusive saciar seus desejos. Sim, sexo.

Li algumas resenhas falando que "a ideia do livro é boa, mas tem muito sexo" (resumindo muito o que li). Sim, tem muito sexo e se você tem problema em ler sobre estupro, sexo grupal consensual ou não, aborto voluntário ou não e até homossexualismo, não leia ou leia... você é quem escolhe.

Me lembrou muito um filme que assisti há muito tempo mas não vou lembrar o nome (se lembrar coloco aqui) em que 3 pessoas ficam num bunker após um tipo de bomba destruir a atmosfera do planeta. Elas não sabem quanto tempo terão de morar lá. São apenas 3 pessoas, não são cientistas, nem médicos nem pesquisadores, somente 3 pessoas "comuns". Um casal e um homem violento, todos viciados em drogas. Eles têm um bom estoque de comida que é racionado pelo violento e drogas também. Em algum momento do filme, o homem oferece sua namorada como pagamento para drogas e comida ao homem violento. Ele aceita, a mulher acaba sendo assassinada (após ser estuprada pelos dois), os homens quase incendeiam o bunker morrendo queimados vivos... caos total.

Primal é bruto, nos leva à observação de nós mesmos, de como é inegável nosso instinto de sobrevivência e de como podemos ficar irreconhecíveis em estados de pressão ou de isolamento. A que ponto podemos chegar? Será que revelamos nosso verdadeiro eu quando nosso instinto de sobrevivência é instigado até o último limite?

Recomendo para estômagos fortes.

No youtube: https://youtu.be/6ZAx2cgJhXk

Título: Primal
Autor: Robin Baker
Editora: record
Ano: 2012
Edição: 1

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