terça-feira, 1 de setembro de 2020

A LINHA - TERI HALL

   



    Estados Unificados e "protegidos" por um sistema chamado "A Linha". Não sabemos exatamente como essa barreira é feita, mas que é intransponível a não ser com algum tipo de chave que poucas pessoas têm acesso. O governo é opressor e violento, porém com os meios de comunicação controlados por ele mesmo... a impressão é de cidades muito bem prósperas e pacíficas.
    Rachel é uma adolescente e vive com a mãe Vivian, na Propriedade. Essa propriedade fica na fronteira e há muita especulação sobre como são as pessoas que moram do outro lado, como é a vida deles pois é possível ver que se trata de uma terra devastada já que foi bombardeada covardemente na Guerra Civil.
    Um dia, Rachel encontra um gravador com pedido de ajuda e aí tudo começa a mudar rapidamente entre ela, a mãe e a Sra. Moore - dona da propriedade. 
    
    Gostei da forma simples que somos apresentados para os Estados Unificados através da mãe de Vivian, que dá aulas de história pra filha após o expediente, pois ela não frequenta nenhuma escola. Elas estão ali isoladas por algum motivo também que vamos descobrindo aos poucos, mas é fácil de deduzir pelo que a própria Vivian conta. 
    Às vezes o comportamento da Rachel é bem irritante... é uma adolescente, mas o que ela está vivendo ali já poderia ter dado certa maturidade pra ela em alguns momentos... principalmente já perto do fim pois ela já tem conhecimento de muito mais coisas, mas passa.
    Acredito que seja o primeiro livro de uma série ou trilogia pois o final é aberto e há muuuuito a ser explicado, este é realmente um livro introdutório ao espaço que estão e ao que podem enfrentar a partir dali. (Fiz uma pesquisa rápida agora e sim... é uma trilogia, porém os outros 2 livros não foram traduzidos para o português).
    As letras são muito grandes, espaçamento também, leitura pra 1 dia... Apesar do livro curto e dele ser "introdutório"... vale muito a pena ler, gostinho de quero mais, uma leitura muito boa pra quem quer uma boa história sem muita complicação...

Título: A linha (compre aqui: https://amzn.to/2QGKeuG)
Autor: TERI HALL
Editora: NOVO SÉCULO
Ano: 2011
Páginas: 246
Edição: 1

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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

3096 - NATASCHA KAMPUSCH

3096 dias.

Três mil e noventa e seis dias.

Oito anos e meio.

Oito anos e meio em cativeiro.

Parece impossível que uma menina de 10 anos tenha ficado tanto tempo em cativeiro e tenha saído de lá sã. Isso aconteceu com Natascha Kampusch na Áustria. O livro, aliás, foi escrito pela própria vítima 4 anos após sua libertação. Ela descreve tudo o que sofreu e que inclusive conseguiu manter um diário e até reproduz algumas partes dele e tudo corta o coração. É extremamente difícil imaginar uma criança numa situação dessas com um desconhecido. Ela morava na periferia de Viena e é difícil dizer, mas se supõe que a falta de aproximação emocional com a mãe tenha "ajudado" essa criança a lidar com o sequestro. Por incrível que pareça, o que mais me revoltou nesse relato foi a forma como ela foi tratada DEPOIS do ocorrido e como continua a ser tratada. 

Sobre o cativeiro e o comportamento do sequestrador, Wolfgang Proklopil, é impossível não comparar praticamente tudo com o livro "o colecionador" de John Fowles. Tudo é muito parecido, a escolha do porão, a ventilação usada, os objetos disponíveis para a vítima... seu comportamento é muito parecido, ele deve ter se identificado muito com o personagem do livro...

No diário que Natascha mantinha no cativeiro ela contava quantos socos/tapas tinha tomado no dia, se tinha desmaiado, se tinha sido privada de comida/luz/água como uma forma de manter a sanidade. É estranho como ela conseguia se defender dos terrores físicos e psicológicos ao qual era submetida, quando ele dizia que ninguém a estava procurando mais, por exemplo. 

Com o passar dos anos, o sequestrador foi se sentindo mais seguro para liberar rádio e televisão para a garota e chegou ao ponto de sair com ela para a rua como se fossem amigos ou parentes. Ele ainda usou a "mão de obra" dela para fazer reformas em casa. 

Em um momento de descuido, ela acaba fugindo da casa dele e aí começam mais absurdos. Primeiro ela encontra um grupo de pessoas e pede o celular para ligar para a polícia e eles "desconversam" e vão embora, na casa que ela finalmente consegue pedir ajuda, a mulher diz pra ela sair da grama do seu jardim enquanto liga para a polícia. Quando a polícia chega, eles são hostis com ela até conseguir a confirmação de sua identidade.

Sua primeira entrevista dada na televisão e a maioria das outras foi remunerada. Ela fez questão de ganhar dinheiro com sua "desgraça" mesmo. E não acho isso errado. Por que ela deveria ser taxada de "má" se ela ganha dinheiro com uma história que aconteceu com ela??? Causou certa estranheza ela ter comprado a casa do sequestrador, a casa em que ficou por 8 anos como prisioneira, porém, a justificativa dela faz sentido: ela comprou para que a casa não fosse transformada em "museu" do seu sequestro. Para que outros não se aproveitassem de sua história. A casa é mantida fechada e ela a visita duas vezes por semana para cuidar dela. Só porque ela demonstrou "força" nesse momento, muitas pessoas a crucificaram. Ela lançou livro, filme... Nem tudo também é super "normal", um dos jornais afirma que ela carrega uma foto do sequestrador na carteira... E outras teorias são um tanto absurdas como quando dizem que ela, com 10 anos, orquestrou junto com Wolfgang seu próprio sequestro...

O livro é terror psicológico puro, ao mesmo tempo que é difícil até imaginar a maturidade com que ela lidou com tudo. Claro que ela teve momentos de fraqueza, mas o relato é surpreendente também. No início do livro ela conta como era sua infância e a relação que tinha com sua mãe, que fora duramente criticada também. Ela parece ter escrito até como uma forma de "justificar" a dureza de sua mãe. Comentários maldosos como "ela foi salva ao ser sequestrada pois era muito mal tratada pela família" surgiram também após conhecerem essa realação "mãe-filha".

No youtube: https://youtu.be/1T24Kc6uENA

Título: 3096 (compre aqui:https://amzn.to/33pErl0)
Autor: NATASCHA KAMPUSCH
Editora: Verus
Ano: 2010
Páginas: 224
Edição: 1

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O SENTIDO DE UM FIM, JULIAN BARNES (com spoilers)

Tony é o narrador do livro, ele está então com seus 60 anos e avalia sua vida desde sua adolescência até o presente quando recebe de herança o diário de seu amigo que se suicidara aos 22 anos.

Antes mesmo de se tornar historiador, ele e seus amigos adolescentes "filosofam" sobre como o narrador influencia a história. Como as pessoas "do futuro" vão ficar sabendo sobre os fatos, quais detalhes o narrador vai evidenciar e quais ele vai omitir? De que forma essas escolhas vão influenciar no entendimento de quem não estava presente ali? O mesmo fato contado por várias pessoas se tornará diferente. Qual o impacto dessas opiniões? Essa é a melhor parte do livro, a parte em que nos faz pensar em tantos fatores e em como tais escolhas afetam o futuro.

Depois de muitos anos, Tony é informado que herdou o diário de Adrian (que falecera). Ele então, que se achava uma pessoa comum, amistosa, que mantinha uma relação boa com a ex-esposa, percebe que causou muitos danos no passado com a reação que teve quando Adrian namorou sua ex-namorada... Ele escrevera uma carta com conteúdo bem ofensivo ao amigo causando praticamente a ruptura da amizade.

Em uma pequena parte do diário já conseguimos ver como Adrian analisava demais tudo o que acontecia à sua volta. E como o grupo de amigos era dependente de suas opiniões. Mesmo tendo "chegado" no grupo de amigos por último, todos o consideravam o melhor amigo por exemplo. Até depois que cada um foi cursar sua faculdade... Nesse início de faculdade inclusive foi quando Tony apresenta sua namorada (Veronica) para o grupo e algum tempo depois do término, Adrian aparece com Veronica...

E é Veronica que fica de "apresentar" esse diário para Tony, o que faz com dificuldade.

Me deu raiva da passividade de Tony. Dele se acomodar. Dele achar que a vida estava "boa" no marasmo, de não ter mais ambições mesmo após os 60 anos, a vida dele parece solitária mas sem ser de uma forma"boa"- se é que podemos dizer que a solidão pode ser boa de algum jeito - e foi por isso que eu não gostei do livro. Só gostei da parte em que são discutidas as formas de se contar uma história. Posso dizer que só gostei da primeira parte do livro.

Algumas pessoas dizem que tiveram vontade de reler o livro assim que terminaram para tentar encontrar as "pistas" do fim, do grande "sentido do fim", mas eu me senti confusa e frustrada. Não vou mentir e dizer que achei um livro ótimo e que tudo fez sentido. Achei uma reação muito exagerada ao livro. Acredito que cada livro tem seu "momento" para ser lido, então assim que puder lerei novamente o livro, ele é pequeno mas não fácil e rápido de se ler. Mas possível de se reler...