segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O SENTIDO DE UM FIM, JULIAN BARNES (com spoilers)

Tony é o narrador do livro, ele está então com seus 60 anos e avalia sua vida desde sua adolescência até o presente quando recebe de herança o diário de seu amigo que se suicidara aos 22 anos.

Antes mesmo de se tornar historiador, ele e seus amigos adolescentes "filosofam" sobre como o narrador influencia a história. Como as pessoas "do futuro" vão ficar sabendo sobre os fatos, quais detalhes o narrador vai evidenciar e quais ele vai omitir? De que forma essas escolhas vão influenciar no entendimento de quem não estava presente ali? O mesmo fato contado por várias pessoas se tornará diferente. Qual o impacto dessas opiniões? Essa é a melhor parte do livro, a parte em que nos faz pensar em tantos fatores e em como tais escolhas afetam o futuro.

Depois de muitos anos, Tony é informado que herdou o diário de Adrian (que falecera). Ele então, que se achava uma pessoa comum, amistosa, que mantinha uma relação boa com a ex-esposa, percebe que causou muitos danos no passado com a reação que teve quando Adrian namorou sua ex-namorada... Ele escrevera uma carta com conteúdo bem ofensivo ao amigo causando praticamente a ruptura da amizade.

Em uma pequena parte do diário já conseguimos ver como Adrian analisava demais tudo o que acontecia à sua volta. E como o grupo de amigos era dependente de suas opiniões. Mesmo tendo "chegado" no grupo de amigos por último, todos o consideravam o melhor amigo por exemplo. Até depois que cada um foi cursar sua faculdade... Nesse início de faculdade inclusive foi quando Tony apresenta sua namorada (Veronica) para o grupo e algum tempo depois do término, Adrian aparece com Veronica...

E é Veronica que fica de "apresentar" esse diário para Tony, o que faz com dificuldade.

Me deu raiva da passividade de Tony. Dele se acomodar. Dele achar que a vida estava "boa" no marasmo, de não ter mais ambições mesmo após os 60 anos, a vida dele parece solitária mas sem ser de uma forma"boa"- se é que podemos dizer que a solidão pode ser boa de algum jeito - e foi por isso que eu não gostei do livro. Só gostei da parte em que são discutidas as formas de se contar uma história. Posso dizer que só gostei da primeira parte do livro.

Algumas pessoas dizem que tiveram vontade de reler o livro assim que terminaram para tentar encontrar as "pistas" do fim, do grande "sentido do fim", mas eu me senti confusa e frustrada. Não vou mentir e dizer que achei um livro ótimo e que tudo fez sentido. Achei uma reação muito exagerada ao livro. Acredito que cada livro tem seu "momento" para ser lido, então assim que puder lerei novamente o livro, ele é pequeno mas não fácil e rápido de se ler. Mas possível de se reler...




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