segunda-feira, 17 de agosto de 2020

3096 - NATASCHA KAMPUSCH

3096 dias.

Três mil e noventa e seis dias.

Oito anos e meio.

Oito anos e meio em cativeiro.

Parece impossível que uma menina de 10 anos tenha ficado tanto tempo em cativeiro e tenha saído de lá sã. Isso aconteceu com Natascha Kampusch na Áustria. O livro, aliás, foi escrito pela própria vítima 4 anos após sua libertação. Ela descreve tudo o que sofreu e que inclusive conseguiu manter um diário e até reproduz algumas partes dele e tudo corta o coração. É extremamente difícil imaginar uma criança numa situação dessas com um desconhecido. Ela morava na periferia de Viena e é difícil dizer, mas se supõe que a falta de aproximação emocional com a mãe tenha "ajudado" essa criança a lidar com o sequestro. Por incrível que pareça, o que mais me revoltou nesse relato foi a forma como ela foi tratada DEPOIS do ocorrido e como continua a ser tratada. 

Sobre o cativeiro e o comportamento do sequestrador, Wolfgang Proklopil, é impossível não comparar praticamente tudo com o livro "o colecionador" de John Fowles. Tudo é muito parecido, a escolha do porão, a ventilação usada, os objetos disponíveis para a vítima... seu comportamento é muito parecido, ele deve ter se identificado muito com o personagem do livro...

No diário que Natascha mantinha no cativeiro ela contava quantos socos/tapas tinha tomado no dia, se tinha desmaiado, se tinha sido privada de comida/luz/água como uma forma de manter a sanidade. É estranho como ela conseguia se defender dos terrores físicos e psicológicos ao qual era submetida, quando ele dizia que ninguém a estava procurando mais, por exemplo. 

Com o passar dos anos, o sequestrador foi se sentindo mais seguro para liberar rádio e televisão para a garota e chegou ao ponto de sair com ela para a rua como se fossem amigos ou parentes. Ele ainda usou a "mão de obra" dela para fazer reformas em casa. 

Em um momento de descuido, ela acaba fugindo da casa dele e aí começam mais absurdos. Primeiro ela encontra um grupo de pessoas e pede o celular para ligar para a polícia e eles "desconversam" e vão embora, na casa que ela finalmente consegue pedir ajuda, a mulher diz pra ela sair da grama do seu jardim enquanto liga para a polícia. Quando a polícia chega, eles são hostis com ela até conseguir a confirmação de sua identidade.

Sua primeira entrevista dada na televisão e a maioria das outras foi remunerada. Ela fez questão de ganhar dinheiro com sua "desgraça" mesmo. E não acho isso errado. Por que ela deveria ser taxada de "má" se ela ganha dinheiro com uma história que aconteceu com ela??? Causou certa estranheza ela ter comprado a casa do sequestrador, a casa em que ficou por 8 anos como prisioneira, porém, a justificativa dela faz sentido: ela comprou para que a casa não fosse transformada em "museu" do seu sequestro. Para que outros não se aproveitassem de sua história. A casa é mantida fechada e ela a visita duas vezes por semana para cuidar dela. Só porque ela demonstrou "força" nesse momento, muitas pessoas a crucificaram. Ela lançou livro, filme... Nem tudo também é super "normal", um dos jornais afirma que ela carrega uma foto do sequestrador na carteira... E outras teorias são um tanto absurdas como quando dizem que ela, com 10 anos, orquestrou junto com Wolfgang seu próprio sequestro...

O livro é terror psicológico puro, ao mesmo tempo que é difícil até imaginar a maturidade com que ela lidou com tudo. Claro que ela teve momentos de fraqueza, mas o relato é surpreendente também. No início do livro ela conta como era sua infância e a relação que tinha com sua mãe, que fora duramente criticada também. Ela parece ter escrito até como uma forma de "justificar" a dureza de sua mãe. Comentários maldosos como "ela foi salva ao ser sequestrada pois era muito mal tratada pela família" surgiram também após conhecerem essa realação "mãe-filha".

No youtube: https://youtu.be/1T24Kc6uENA

Título: 3096 (compre aqui:https://amzn.to/33pErl0)
Autor: NATASCHA KAMPUSCH
Editora: Verus
Ano: 2010
Páginas: 224
Edição: 1

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